Resumen:
A relação entre sociedade e meio ambiente vem se afirmando como uma
das principais preocupações, tanto no campo das políticas públicas quanto
no da produção de conhecimento. A antropologia, tal como se expressa
nas revistas especializadas e também na constituição de grupos de pesquisa
que pretendem influir diretamente sobre as políticas e organizações
da sociedade civil, não permaneceu alheia a esse movimento (Little 1999).
O que não é de surpreeender, já que, por seus antecedentes empíricos e
metodológicos, ela está entre as ciências sociais mais bem situadas para
entender a questão ambiental, abordando-a de um ponto de vista global e
interdisciplinar. A antropologia nasceu, afinal, perguntando-se sobre a
transformação antrópica que diferentes sociedades produziram em seu
ambiente, sobre a continuidade e diferença da espécie humana em rela-
ção aos demais seres vivos, e sobre o lugar da consciência na evolução social.
Além disso, o advento da disciplina no contexto colonial, ligado às
políticas de controle e mudança social (Leclerc 1973; Kuper 1973), fazemna
herdeira de uma vocação de “análise e intervenção” (Brosius 1999).